Os sucessores legais de Ed Townsend, que partilhou a autoria da canção "Let's Get It On" com Marvin Gaye, moveram um processo em 2017 contra Ed Sheeran, Warner e Sony, denunciando infração de direitos autorais e pleiteando uma fatia dos lucros da canção "Thinking Out Loud", que causou furor ao ser lançada.
É crucial mencionar que "Thinking Out Loud" chegou ao público em 2014, quatro décadas após o lançamento de "Let's Get It On" em 1973.
A similaridade apontada pelos reclamantes se centra nas progressões harmônicas das duas músicas, elemento que constitui a base do arranjo musical de Marvin Gaye.
O Tribunal Federal de Manhattan, que encarregou-se do caso, absolveu Ed Sheeran da acusação de violação de direitos autorais proferida pelos sucessores de Townsend.
Sheeran, já veterano em contendas judiciais por acusações de plágio, garantiu que abandonaria a carreira musical se fosse considerado culpado.
Em 2019, o cantor britânico foi alvo de processo movido por Sami Switch e pelo produtor musical Ross O’Donoghue, que alegavam que "Shape of You" (2017) tinha sido influenciada diretamente por "Oh Why" (2015), canção lançada por eles dois anos antes do sucesso de Sheeran.
O veredito, proferido desta vez em Londres, também foi favorável a Sheeran, devido à escassez de evidências que corroborassem a semelhança ou influência entre as duas composições.
No mesmo ano, o músico britânico selou um acordo extrajudicial com os compositores de "Amazing" (2011), interpretada por Matt Cardle e criada por Martin Harrington e Thomas Leonard.
A similaridade alegada é com a canção "Photograph", lançada em 2014.
De fato, ao escutar, a semelhança é gritante, possivelmente explicando por que Sheeran optou por um acordo. Isso não se repetiu nos outros dois processos.
Pessoalmente, não enxerguei qualquer semelhança entre "Thinking Out Loud" e "Let's Get It On", nem entre "Oh Why" e "Shape of You", tanto que nesses processos, Sheeran levou a disputa até o fim e venceu.
A última comparação é, de fato, surreal, pois as músicas não guardam qualquer relação entre si.
Aqui no Brasil, a canção "Lovezinho", lançada em 2022 por WK e Treyce, tem gerado burburinho.
Embora tenha sido lançada no ano anterior, a canção conquistou um sucesso estrondoso após cair no gosto do público do TikTok, sendo eleita inclusive o hit do Carnaval de 2023.
A música faz uso não autorizado de "Say It Right", sucesso de Nelly Furtado nos anos 2000. A questão central é a ausência de créditos aos autores originais.
Por mera curiosidade, a interpolação ocorre quando você utiliza a música inteira na sua paródia, do início ao fim, tal como ocorreu com os bregas funk de "If I Were a Boy". Pois bem, "Lovezinho" faz uma interpolação com "Say It Right" de Furtado.
O sample, por outro lado, é um pequeno trecho de uma música já existente que é incorporado ao seu próprio arranjo, o qual não se resume àquela obra, mas apenas utiliza uma parte dela no seu desenvolvimento criativo.
Nelly até chegou a dançar a música no TikTok, mas logo em seguida surgiram as notificações, tentativas de acordo e, como nada se resolveu, a Sony Music e a Abramus Digital acabaram removendo a música do Spotify.
No Brasil, o uso de samples e interpolações em produções fonográficas é permitido, desde que haja autorização prévia do autor original da obra parodiada.
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